Rute foi uma mulher moabita, a qual Deus fez ingressar na linhagem de Jesus.
O princípio da sua admissão na família judaica começa com a partida de Elimeleque, sua mulher Noemi e seus dois filhos, Malom e Quiliom, para Moabe, fugindo à fome em Belém, tendo ironicamente Belém o significado de Casa de Pão.
Antes de mais convém saber que Canaã, a Terra Prometida, já tinha passado por muitas situações de fome, Abraão e seu filho Isaque, em alturas diferentes, foram para o Egipto fugindo à fome, mas Deus tinha dito ao seu povo, através de Moisés, em Deuteronómio 11:10-17 que a Terra da Promessa era uma terra de montes e vales, e a mesma teria de depender das chuvas que o Senhor daria no tempo certo, havendo apenas uma condição, a fidelidade do seu povo a Deus.
Algum tempo depois de terem entrado em Moabe, Elimeleque morreu e os seus dois filhos casaram com mulheres moabitas, uma chamada Orfa e outra chamada Rute. Ficaram ali quase 10 anos e morreram também Malom e Quiliom, ficando assim Noemi desamparada e sem sustento.
Nem todos emigraram como fez Noemi e a sua família e muito menos casaram seus filhos com mulheres estrangeiras. Duas situações em que esta família falhou; emigrar para Moabe, inimigo do povo israelita, e casar os seus filhos com mulheres estrangeiras, algo que estava vedado pela lei mosaica.
Depois destes tristes acontecimentos, voltar a Canaã foi a opção, pois Noemi ouviu que a fome já tinha desaparecido da sua terra.
O regresso foi precedido de uma despedida de suas noras, para que ficassem em Moabe, mas apenas Orfa ficou, enquanto Rute apegou-se de uma forma tal a sua sogra, e disse-lhe isto: o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; e voltaram as duas para Belém.
Enquanto Noemi se lamentava da sua tragédia, Rute pôs-se ao trabalho e foi rebuscar espigas, pois estava-se na colheita das cevadas. E aconteceu que foi justamente colher no campo de Boaz, um parente próximo de Noemi.
Noemi arquitetou um plano, para que Boaz fosse o remidor de Rute, segundo a lei do Levirato (Deuteronómio 25:5-6)
Esse plano foi cumprido integralmente por Rute, e Boaz mostrou admiração por ela, por não ter Rute ido atrás de rapazes mais jovens, mas sim, ter-se achegado a Boaz e dito que ele era o remidor. Boaz ficou encantado pela atitude de Rute e prometeu-lhe agir rapidamente, pois iria falar com alguém que era o remidor mais próximo.
O encontro de Boaz com o remidor foi no dia seguinte. Após apresentar as condições, em que o remidor teria de adquirir um terreno que Noemi venderia por não ter mais recursos, para que o terreno continuasse na família, e também redimir a Rute para suscitar descendência a Malom, o remidor não aceitou por esta última condição.
Assim, Boaz ficou livre para ser o remidor de Noemi e Rute.
Rute sempre mostrou ser mulher virtuosa, humilde e reta. Do seu convívio com Noemi e a sua família terá recebido princípios cristãos. Rute tinha o fruto do Espírito de que fala o apóstolo Paulo em Gálatas 5:22.
Sendo Rute e Noemi duas viúvas, não deixam de ser uma verdadeira família. Já as famílias que o mundo quer fazer prevalecer, dois homens ou duas mulheres, cuidando de filhos quer de um quer de outro ou ainda adotados, não são de aceitar.
O remidor Boaz tomou Rute como noiva gentia e enriqueceu-a financeiramente;
Cristo também tomou uma noiva gentia (a Igreja), a qual enriquece espiritualmente.
Algumas ações de Boaz podem ser comparadas às de Cristo.
Rute e Boaz vão mais além do que uma bela história de Amor; representam uma história de Providência, de Graça e de Vida Eterna. Antecipam também a remissão operada por Jesus Cristo em nós.
Obreiro Fernando Pinho