Habacuque, o profeta- filosofo, fica perturbado pela gravíssima maldade de Judá. Porém, em contraste com Jeremias, seu contemporâneo, sente mais inquietação pela aparente resistência de Deus para julgar, que pela falta de arrependimento do seu povo. A destruição, a violência e a falta de consideração pelas leis divinas, afloram sem que ninguém as detenha, apesar dos rogos ardentes do profeta, pedindo a intervenção divina.
Deus responde a Habacuque que receberia a reposta brevemente; os ferozes e impios caldeus (babilónios) serão a vara de Deus com que açoitará a Judá ante os mesmos olhos de Habacuque.
Em vez de aliviar a carga do profeta, esta reposta a torna mais pesada, ficando Habacuque angustiado por um segundo e mais espinhoso problema: Como pode Deus, cujos olhos são tão puros que não podem olhar o mal, permanecer silencioso enquanto uma nação malvada, sedenta de sangue, destrói a uma nação mais justa que ela?
A reposta chega através duma das declarações mais sublime das Sagradas Escrituras: O justo viverá por sua fé (o fidelidade); o justo será preservado no dia da aflição, porque dependeu de Deus e a vez pode se depender dele; certa e súbita será a retribuição dos invasores soberbos, que compreenderão que a tirania é um vazio e a idolatria é vaidade. A reposta finaliza com um mandamento de silêncio universal ante o Deus soberano.
Com a convicção de que triunfará a justiça, em oração o profeta eleva seu coração pedindo que Deus realize uma obra portentosa como aquela feita no Êxodo e no monte Sinai. Depois de descobrir o esplendor majestoso do Onipotente, Habacuque reafirma sua confiança em Deus, seu Salvador, através duma emocionante confissão que se lê nas Sagradas Escrituras.
“Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação.
Jeová, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre minhas alturas”. HABACUQUE 3:17-19
Porque queremos ensinar a Deus o que deve ou não fazer? Todos cometemos esse erro, acudir a Ele com nossos argumentos, os quais achamos justos, assertivos, corretos e até mais sábios que a própria sabedoria divina.
Deus sabe o que faz e não está obrigado a revelar-nos todo o processo que está a usar. Deus sabe quando agir e quando não. Chama-se soberania e todo crente em Cristo deve aprender esta verdade sobre o carácter de Deus e não ser-nos tão impacientes, ao ponto de questionar ao próprio Deus sobre sua maneira de atuar ou não.
Deus é Deus! Nós somos criaturas!
pr. Carlos Arellano