Através dos tempos já me encontrei com pastores e crentes que tem uma ideia romântica acerca da unidade da igreja. Na visão e entendimento deles a igreja de Cristo deveria ser uma só, fisicamente falando, isto é, segundo eles deveria haver uma só igreja e não tantas denominações e igrejas locais independentes. Todos reunidos, todos juntos, sem divisões ou separações. Pergunto: Quem seria o líder principal que pastorearia essa enormíssima congregação? Sendo assim: Seria necessário eleger um Papa Evangélico para que nos guia-se?
Deus é o Deus da diversidade, basta observar o mundo em que vivemos, tantas cores, tantas paisagens, tantas raças, tantos idiomas, tantas culturas, inclusive dentro do próprio país onde residem, etc.
Paulo disse que agora em Cristo já não há diferença entre judeu e grego, que todos são um em Cristo. Ele falava dum vínculo espiritual, não físico. Quando Jesus fez a oração em João 17 pelos seus discípulos, falava dum vínculo espiritual, nunca se referiu a uma só congregação, nem tampouco deu a ideia para aquilo que é chamado atualmente de ecumenismo, que é a união de todas as religiões, onde se procuram pontos em comum, apesar de não crer o mesmo.
Todas essas boas intenções partem do desejo do ser humano por criar uma unidade física entre todos os crentes do mundo.
A Bíblia nos mostra que através do avanço do evangelho depois da ressurreição de Jesus Cristo e início da igreja com os apóstolos, estabeleceram-se congregações locais, que eram autónomas e independentes e às vezes na mesma cidade havia várias congregações, porque muitas casas eram abertas para reunir os crentes.
Os templos como os conhecemos no dia de hoje só começaram a ser utilizados (muitos deles foram anteriormente templos pagãos) quando o cristianismo se oficializou 300 anos depois de Cristo com o imperador Constantino e posteriormente surgiu o que nos conhecemos como a igreja católica. Os crentes nascidos de novo foram-se afastando da religião institucionalizada.
Há uns anos atrás quando era pastor assistente numa igreja local aqui em Espinho, Portugal, veio um pastor brasileiro que assumiu o cuidado duma outra igreja local de outra denominação na mesma cidade e durante cinco anos fizemos muitas atividades em conjunto, envolvendo nossas congregações, mas nunca interferimos um com outro na administração das congregações locais, deu-se uma caso único e espontâneo de ter uma unidade física, além da espiritual; mas foi uma situação particular que nasceu naturalmente e creio que acontece e continuará acontecendo em muitos lugares do mundo até que Cristo volte e então a partir desse momento passaremos a ser uma só igreja unida na Casa do Pai e Jesus Cristo será nosso Eterno Pastor.