“Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?”
Esta a pergunta de Pedro a Jesus, tomando como referência a regra observada entre os judeus, segundo os ensinos da literatura judaica, que era três vezes o n.º limite para o perdão; e quando Pedro falou em “Até sete”, como padrão possível, sem dúvida, pensou que já estaria a ser demasiado generoso. Mas Jesus lhe respondeu: “Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete” ou seja devemos entender com este sentido: não há limite para o perdão (Mateus 18:21-22). É após este diálogo que Jesus conta a seus discípulos a parábola do credor incompassivo, sobre o perdão (Mateus 18:23-35).
Jesus sempre usou de parábolas para ilustrar com alegorias, uma moral bem definida e objetiva. Desta forma os seus discípulos ou quaisquer que fossem os seus ouvintes, entendiam claramente qual a lição moral que Jesus pretendia mostrar.
Nesta parábola, figuradamente, o rei é Jesus, o servo que devia 10.000 talentos sou eu, e o seu conservo que lhe devia 100 dinheiros é o meu irmão.
Um talento equivalia a 6000 dracmas, moeda grega ou 6000 denários, moeda romana e esta era também a moeda do tributo. Cada denário ou dinheiro correspondia ao pagamento devido por um dia de trabalho. Se tentarmos fazer uma equivalência para os dias de hoje, aqueles 10.000 talentos corresponderiam aproximadamente a 1 bilião e 500 milhões de euros! Simplesmente impagável, é essa a minha e a tua dívida, mas Jesus pagou-a com o seu sacrifício na cruz.
Deus na sua misericórdia, como o rei desta parábola no versículo 27, moveu-se de íntima compaixão para connosco e nos deixou livres, não temos de pagar mais nada, não temos de fazer sacrifícios nem promessas absurdas!
Já para com o seu irmão que lhe devia 100 dinheiros ou denários, equivalente hoje talvez a pouco mais de 1.900€, uma bagatela em comparação, este servo, não teve um sentimento de compaixão idêntico ao que teve seu senhor para consigo, antes mandou encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida (versículo 30).
Este gesto suscitou tristeza dos seus concidadãos e foi levado aos ouvidos do rei que o chamou a contas e o questionou porque não teve para com o seu irmão o mesmo sentimento de misericórdia que o seu senhor tinha tido para com ele.
Da mesma forma nós seremos chamados a prestar contas, por isso devemos perdoar quantas vezes? Quantas??? Até sete? Até setenta vezes sete? Não, sem limite é a resposta, pois essa é também a atitude de Deus para connosco.
O perdão de Deus é gratuito, extensivo até mesmo aos proscritos e aos piores pecadores. Os homens têm o privilégio de imitar esse ato, e, assim fazendo, tornam-se mais semelhantes a Deus e a Cristo, que é o padrão exigido dos homens por Deus. O perdão também deve ser genuíno, assim como o nosso arrependimento. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim”(Lamentações 3:22)
Deus vos Abençoe
Fernando Pinho