Nas escrituras hebreias, nossos dois livros das Crônicas foram originalmente um. Os tradutores da Versão dos Setenta foram os primeiros a fazer esta divisão. Jerónimo adotou esta divisão na Vulgata Latina, cujo título era: Atos dos dias ou relato dos acontecimentos diários. A Versão dos Setenta denomina os livros das Crônicas Paraleipomena, que significa coisas omitidas nos livros de Samuel e dos Reis. Sem embargo, os livros das Crônicas ocupam-se dos mesmos atos que estes livros, porém são apresentados com um propósito diferente e de forma distinta. O título Crônicas foi adotado do vocábulo Cronicón de Jerónimo, muito apropriado por acaso.
Parece evidente que quando o cronista propõe-se abranger o mesmo terreno que Samuel e dos Reis, deseja apresentar os factos segundo seu próprio ponto de vista da história do povo de Deus, desde os dias de Samuel até a catividade. A nação necessitava reconstruir-se sobre sólidos cimentos espirituais, posto que a longa catividade havia provocado uma seria brecha em relação aos ideais e tradições de seu próprio povo. Anteriormente haviam pertencido a uma teocracia na qual esperavam que os dirigentes civis e religiosos honrassem obedecendo a lei tanto divina como civil.
Israel havia estado sob a monarquia persa, cujo rei era estrangeiro e pagão e não sabia nada do Deus de Israel. Só mediante uma vigorosa e estrita organização eclesiástica a nação de Israel conseguiu manter uma unidade religiosa. Quanto mais passavam os dias, os judeus iam sentindo que a perpetuidade da soberania davídica era mais espiritual que secular, por isso a necessidade de escrever o livro de Crônicas. Não tratava-se duma hábil casta sacerdotal querendo impor-se sobre os profetas, como alguns críticos liberais afirmavam. Aqueles que tinha retornado do cativeiro deviam entender sua própria relação com o povo de Deus.
Depois de passar revista a história do homem antes da época do rei David, o cronista assinala o significado superior da promessa feita a linha genealógica de David, especialmente com respeito ao futuro Messias. Se destaca mas bem a atitude dos monarcas anteriores com respeito aos assuntos religiosos que suas empresas civis. Se destaca a imensa importância do templo, o sacerdócio, os rituais e a lei moral. Demonstra-se que quando os monarcas afrentam a lei de Deus, surge o castigo, enquanto aqueles que honram as ordenanças de Deus, prosperam. Os livros de Crônicas são didáticos e enfatiza as bênçãos que recebem aqueles que vivem uma vida espiritual genuína. O livro deve ter tido um efeito estimulante na religião nacional. Enfatiza somente as partes da história que ilustram a vida eclesiástica, que era agora, a única esfera sagrada. No caso da história das dez tribos apostatas é abandonada, porque não conduze a uma edificação espiritual.
Há uma relação íntima entre os livros das Crônicas, Esdras e Neemias, mantém o mesmo espírito. O Talmude, e a maior parte dos escritores judeus como também os pais da igreja cristã, atribuem os livros das Crônicas a Esdras.
A nossa crônica e a crônica da nossa comunidade estão sendo escritas nos céus. Não posso garantir que a minha pessoa ou alguém que venha depois de mim, escreva acerca da nossa história e os feitos que realizamos e estamos a realizar, pode ser que sim ou pode ser que não.
O que interessa para nós é entender que tudo o que está escrito na Bíblia, inclusive estes livros, I e II das Crônicas é para nosso aprendizado. Inclusive, pode-se aprender com os erros que foram cometidos e inspirar-nos com as ações e a fé que tiveram aqueles que obedeceram, incondicionalmente a ordenança do Senhor.
Nós, também temos uma vida eclesiástica e o Espírito Santo foi enviado para ajudar-nos em tudo que é necessário empreender segundo a vontade de Deus. O Senhor quer nos prosperar espiritualmente e é necessário desenvolver um sacerdócio espiritual, já que como membros do Corpo de Cristo, fazemos parte dum real sacerdócio e a nossa espiritualidade deve ser marcante e deixar uma marca na nossa geração e em aqueles que seguirão após nós.
pr. Carlos Arellano