O ministério de Jeremias durou mais de quarenta anos. Depois de mais de cinquenta anos de apostasia sob o governo de Manasses, seguiu-lhe uma reforma religiosa sob o governo de Josias. Jeremias apoiou a reforma com entusiasmo até que deu-se conta que o coração do povo não mudava.
Dois anos depois da morte de Josias, na batalha de Carquemis consolidou-se o domínio babilónico sobre Asia Ocidental. Desde essa época, Jeremias apelou pelo submetimento a Babilônia, porém sem êxito. A raiz da administração dos últimos quatro monarcas de Judá, dos 21 anos de apostasia religiosa e debilidade politica, foi inevitável a queda de Jerusalém e seu subsequente exilio.
As penosas circunstâncias sob as quais trabalhava Jeremias e o extraordinário auge da idolatria que havia substituído a religião revelada a Judá, são manifestamente claras nas profecias de Jeremias. Assim mesmo, a angústia espiritual de Jeremias é produzida por esta apostasia. Sem embargo, não era um homem pessimista. Essencialmente era guerreiro de Deus, porém um guerreiro que exercia também as funções de atalaia e testemunha.
Nos oráculos de Jeremias, Deus o Governante moral do mundo é o Deus dos pactos de Israel. Mediante Israel, procurou cumprir os fins morais. Na realidade, o adultério, por assim dize-lo, de Israel com os baales, obrigou a Deus a dar-lhe carta de divórcio, enviando-os ao exilio. Judá, não apreendeu da experiencia de Israel (reino do Norte). Pelo contrário, superou a Israel na comissão da impurezas sexuais, sendo que Judá rejeitou as acusações de infidelidade religiosa, levando a Deus a castigar-lhos.
O arrependimento poderia haver cancelado os planos de divórcio (exilio), apesar de seus adultérios. A graça divina estava disponível. Mas, infelizmente a imoralidade estava enraizada em Judá, que não quis corrigir-se. Pouco a pouco desapareceram as virtudes sociais. Nem os sacrifícios e os ritos puderam substituir o arrependimento e a justiça. O pecado estava inerente na sua natureza pecaminosa. O juízo e exilio eram inevitáveis, mas não era o fim.
Um remanescente retornaria para viver sob a administração messiânica, num ambiente de segurança religiosa e social. O justo governo do Messias sobre um povo reto. A gente seria justa porque seu coração seria renovado. Obedeceriam as leis de Deus de coração, espontaneamente. O novo pacto, assegurando o perdão e uma dinâmica moral interior, transcenderia ao legalismo do antigo pacto. Finalmente, mediante o sacrifício e a morte de Cristo, e a manifestação regeneradora interior do Espírito Santo, o novo pacto se converteria em realidade.
O coração do homem sem Deus é néscio, sempre quer ir por seu próprio caminho, colhendo as consequências da sua desobediência. Nenhuma obra humana tem a capacidade de regenerar um coração corrompido e muitos enganam-se a se mesmos, pensando que com uma religião externa é suficiente.
Necessitamos uma transformação que nasça de dentro para fora e só a obra do Espírito Santo em nós poderá produzir um verdadeiro fruto eterno. Fujamos do adultério espiritual, da hipocrisia duma religião externa, superficial e arrependamo-nos sinceramente de todo coração para que Deus realize uma obra transformadora em nós e através de nós.
pr. Carlos Arellano